quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

CRIA recebe outorga do Selo da Diversidade Étnico-Racial

O CRIA foi uma das instituições agraciadas com a outorga do Selo da Diversidade Étnico-Racial, entregue pela Secretaria Municipal da Reparação (SEMUR), em cerimônia realizada no dia 11.12, no Hotel Monte Pascoal, na Barra. 

Além de estimular o combate ao racismo, o programa busca articular a inclusão, qualificação e ascensão dos trabalhadores afrodescendentes nas organizações. Representando o CRIA, a atriz, arte-educadora e assistente de direção, Fernanda Silva.

Parabéns ao CRIA! 


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Prá lá de tempo na Faculdade de Comunicação da UFBA

Os jovens do grupo Chame Gente levaram o espetáculo Prá lá de tempo para a Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, no campus Ondina, no dia 1º de dezembro.
A apresentação fez parte da intervenção realizada pelo coletivo "É tempo de Mudar", sobre a ocupação dos espaços públicos com arte e educação. A proposta é colocar a universidade para além das salas de aula, com produção artística, integração com a sociedade soteropolitana, no sentido da ampliação de direitos.
É o CRIA colaborando com a UFBA para construção de uma forma inovadora de viver os espaços da universidades!



terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Arte do CRIA encontra cultura ancestral do Curuzu

O Terreiro Vodun Zo, localizado no bairro do Curuzu, foi "palco" para  apresentação do espetáculo Quem me ensinou a nadar, do grupo Iyá de Erê, no dia 1º de dezembro. 

Os jovens do CRIA foram recebidos pelo Doté Amilton, líder religioso responsável pelo espaço que está sempre com as portas abertas para a comunidade localizada em um dos maiores redutos negros de Salvador.

"A cultura deve ser apreciada, a cultura educa. E nós precisamos ser educados". As palavras do pai de santo precederam a apresentação que foi assistida por um grupo de alunos da Escola Celina Pinto, além de frequentadores do templo religioso e moradores da comunidade. 

O dia foi especial não apenas para os jovens do CRIA, como também para os representantes da COSPE - Cooperação para o Desenvolvimento dos Países Emergentes, Leonardo di Blanda e Eleonora Migno, que ficaram bastante comovidos vendo a peça. A entidade é parceira técnica do projeto A Arte de ver Cidades.

"Para mim foi como conhecer uma verdade que só conhecia pelos livros. No meu país, tem problemas de drogas, tráfico de pessoas, violência contra as mulheres e jovens que não querem viver a comunidade", disse Eleonora ao identificar na peça temas comuns ao Brasil e à Itália.

O coordenador Leonardo também fez seu relato durante o bate-papo. "Já vi a peça em outros lugares e vendo agora nesta linda casa me emociona e arrepia. As temáticas e debates são muito importantes, pois são sensíveis. Obrigado por permitir vivenciar tudo isso".

"Achei que me ensinou bastante, principalmente a não seguir o caminho errado para ser atriz", disse a estudante Kate. O jovem dinamizador Wesley, que faz parte do elenco da peça, também compartilha dessa mesma ideia. "Nossa intenção é tocar vocês e fazer com que vocês se percebam através do espetáculo".

A professora Samanta também ressaltou sua admiração pelos assuntos abordados na encenação. "O espetáculo traz cidadania, luta pelos direitos, representação da mulher negra na sociedade, músicas do Ilê Aiyê e do Olodum. É um momento cultural e o acesso à cultura é muito difícil pra gente", disse a professora.

Para saber mais sobre o projeto A Arte de ver cidades clique aqui.



Recital de poesia agita Pipoca & Papo

Com um recital de poesia, o Pipoca & Papo reuniu os jovens dos grupos Chame Gente e Iyá de Erê e os convidados  Grupo Ágape e Vozes Da Liberdade.

Veja como foi!






sexta-feira, 28 de novembro de 2014

CRIA recebe visita de oficial da PPM

No último dia 21.11, a oficial de projetos da PPM, Beatriz da Silva Bohner, esteve no CRIA para monitoramento do projeto institucional e apresentar os novos procedimentos de acompanhamento da entidade. Dentre as novidades, estão os novos formulários para elaboração de relatórios que serão adotados a partir de 2016 e que vão continuar com o suporte da ELO

Durante a visita, a equipe do CRIA destacou as ações realizadas no período 2013-2014 e explicou como funcionam as atividades de formação regular dos jovens dinamizadores culturais, desde o processo de identificação para entrada nos grupos até a realização de atividades de comunicação e produção para difusão do trabalho do CRIA, além dos resultados das ações realizadas.

Membros do CRIA reunidos com oficial da PPM ( à dir.)
À tarde, Beatriz assistiu ao espetáculo "Pra lá de tempo", do grupo Chame Gente. A montagem trata das realidades do dia a dia vividas nas comunidades e que provocam manifestações de rua que ligam a juventude de ontem e de hoje numa luta contínua pelos seus direitos. Após a apresentação, Beatriz conversou com os jovens integrantes do grupo sobre as suas experiência no CRIA, as questões relacionadas aos seus direitos e a qualidade da educação pública. 
Grupo Chame Gente na sala de ensaios do CRIA
Ainda que o Brasil tenha melhorado seus indicadores sociais, o CRIA acredita que a presença de entidades apoiadoras como a PPM, com quem o CRIA conta com a cooperação internacional desde 2005, é fundamental para manter a sustentabilidade de projetos como o do CRIA, que promove uma outra forma de fazer educação, junto com os jovens.



quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Quem me ensinou a nadar? encanta pequenos do Programa de Criança Petrobras

As crianças do Programa de Criança Petrobras foram ao delírio com as apresentações do espetáculo Quem me ensinou a nadar?, do grupo Iyá de Erê. Ao todo, foram cinco apresentações realizadas nos dias 3,4,5,10 e 26 de novembro, no Teatro Sesc-Senac Pelourinho, dentro da programação do Circuito Comunitário 2014 do CRIA.

A questão da identidade cultural abordada na peça chamou a atenção dos organizadores do projeto, pois este é o tema trabalhado este ano pelo programa. “A peça traz de forma crítica, mas lúdica, a identidade cultural, que muitas vezes é deturpada, historicamente falando. Vocês trazem o contexto da vida do soteropolitano, mas que perpassa por toda a Bahia e pelo Nordeste”, afirma a coordenadora pedagógica do projeto, Vanessa Ribeiro. Ela lembra que quem vive no interior não tem uma visão mais ampla da identidade afro-brasileira e que a peça proporciona ao público de fora conhecer isso.

O projeto social funciona nas comunidades da área de influência das unidades de operação da Petrobras. Na Bahia, o programa existe em nove municípios beneficiando 1.200 crianças de 8 a 12 anos, que frequentam as atividades no turno oposto ao da escola. A garotada, que estuda em escolas públicas, recebe apoio pedagógico nas disciplinas de português e matemática através de tarefas lúdicas, atividades esportivas além de aulas de artes nas linguagens da dança, música e artes manuais. 




terça-feira, 25 de novembro de 2014

Violência contra juventude negra é tema do Pipoca & Papo


Em comemoração ao mês da Consciência Negra, os jovens dos grupos Chame Gente e Iyá de Erê se juntam no dia 27.11 para um encontro regado a recital de poesia e bate-papo sobre temáticas ligadas à juventude e à negritude, em mais uma edição do Pipoca & Papo.

O evento contará com a presença de convidados especiais que trabalham em prol destas questões, seja através da arte ou politicamente. Estarão presentes João Paulo, um dos articuladores da Rede Juventude Viva na Bahia, além do grupo de poesia Ágape, de Sussuarana, e do grupo de teatro comunitário Vozes da Liberdade. 

João Paulo vai fazer um bate-papo com os jovens para falar sobre as ações do plano voltadas para o enfrentamento das várias formas de violências contra a juventude negra, como racismo, discriminação e extermínio de jovens negros. E a poesia fica por conta do recital dos grupos Ágape e Vozes da Liberdade e de quem mais quiser se expressar, como manda todo bom e velho sarau! 

Este mês já foram realizados dois encontros com os jovens do CRIA dentro do Espaço de Linguagem e Expressão (ELE), sobre temas como direito à vida, extermínio de jovens negros e a história dos blocos afro como estratégia de organização e resistência cultural. De acordo com Patrícia Alfano, Educadora Multidisciplinar do CRIA, “o Pipoca & Papo é a culminância dessas discussões e o momento onde todo mundo emite sua opinião promovendo uma troca entre os grupos”.

Você é nosso convidado! Não Perca!!!



Apresentação do Iyá de Erê na Creche Comunitária São José


Apresentação do Iyá de Erê na Creche Comunitária São José, no bairro Fazenda Couto 3, em Salvador, dentro da programação Circuito Comunitário 2014!

Confira as fotos!









sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Formação e luta pela garantia de direito das crianças e dos adolescentes em BVT

No dia 20 de novembro, teve muita formação e luta pela garantia de direitos das crianças e dos adolescentes, durante apresentação do projeto "Arte de-ver-cidades" em Boa vista do Tupim.






Jovens do CRIA marcam presença no Dia da Consciência Negra

Os jovens do grupo Chame Gente, do CRIA, marcaram presença no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, em Salvador. Eles participaram da XXXV MACHA DA CONSCIÊNCIA NEGRA ZUMBI DOS PALMARES, que saiu do Campo Grande até a Praça Municipal. O dia 20 de novembro homenageia Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil, morto em uma emboscada, no ano de 1695, após sucessivos ataques ao Quilombo de Palmares, em Alagoas. Desde 1995, Zumbi faz parte do panteão de Heróis da Pátria.








segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Arte de ver Cidades chega a Boa Vista do Tupim

O grupo Iyá de Erê fará seis apresentações do espetáculo Quem me ensinou a nadar?, nos próximos dias 19 e 20 de novembro, em Boa Vista do Tupim. As sessões serão às 10h, 16h e 19h, na Câmara Municipal, com entrada gratuita.

Paralelo às apresentações, serão oferecidas duas oficinas para profissionais que integram a rede de proteção local a criança e ao adolescente que abordarão temas como Tráfico de seres humanos e Exploração sexual infanto-juvenil.

É o CRIA mais uma vez levando o projeto A Arte de ver Cidades – ArticulAção pelo enfrentamento à violência contra a população infanto-juvenil, que tem o objetivo de fortalecer a rede de proteção local a criança e ao adolescente e disseminar informações para o enfrentamento ao tráfico de pessoas para fins de exploração sexual. 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Quintal das Crianças de São Gabriel permanece ativo desde 2009


Um espaço público para brincar e provocar o poder público local a pensar políticas para a infância com a participação efetiva da comunidade na concepção e gestão compartilhada deste espaço. Assim, foi implantado, no ano de 2009, o Quintal das Crianças de São Gabriel, que valoriza a importância da cultura da infância na perspectiva da garantia dos seus direitos, ressaltando um dos mais fundamentais, o direito à brincar.

Em outubro de 2014, o CRIA visitou o Quintal das Crianças, no intuito de perceber como esta iniciativa da Rede Ser-tão estava sendo utilizada e gerida. Para tanto, a Fundação Culturarte, gerida por Márcio Gonçalves de Araújo (Marcinho), mobilizou a comunidade e escolas que utilizam o Quintal. A visita ocorreu em paralelo à realização do projeto A Arte de ver Cidades, visando a mobilização e formação de jovens e agentes de promoção de direitos para o enfrentamento à violência e exploração sexual contra crianças e adolescentes.

Uma reunião aconteceu na Escola José Antonio da Rocha, onde a equipe do CRIA foi recebida pela diretora e equipe de professores da escola, além de representantes da comunidade e de 60 crianças das 2ª, 3ª e 4ª séries da educação infantil.
A representante do CRIA, Eleonora Rabêllo, da Coordenação Geral, apresentou o porquê da conversa com ajuda de imagens do vídeo “Tecendo e Trançando Quintais”, um breve histórico de como tudo começou. As crianças vibravam com as imagens, identificando as pessoas, em especial o professor Marcinho que hoje atua no programa Mais Educação nesta escola, coordenando um lindo trabalho de horta e jardinagem.

“Está bem, está lindo, mais precisa de cuidados, nós gostamos de ir lá, o quintal é bom”, disse uma das crianças sobre como está o quintal. Vocês vão ao quintal? O que fazem lá? “Vamos!!!", respondeu outra. "Lá a gente brinca de corre-corre, de pega-pega, jogamos capoeira, cantamos, brincamos de roda, subimos na árvore, corremos muito, jogamos bola...”.



Neste momento, a sala se transformou em um “palco” de pequenas apresentações. A cada coisa dita do que se fazia no quintal, as crianças levantavam e demonstravam cantando, dançando. Este momento foi revelador do trabalho que as professoras fazem na escola, ensinando músicas de rodas, danças como o frevo, valorizando a cultura da infância, a cultura popular.



quinta-feira, 6 de novembro de 2014

São Gabriel recebe projeto A Arte de ver Cidades

Câmara Municipal de São Gabriel
Nos dias 24 e 25 de outubro,  o espetáculo Quem me ensinou a nadar? foi apresentado para a comunidade do município de São Gabriel, a 478 km de Salvador.  

Cerca de 1.200 pessoas, entre alunos e professores das escolas Professora Clarice Nunes da Gama, Faustiniano Ribeiro Lopes e Rosimiro de Abreu, além da comunidade em geral, compareceram em peso aos dois dias de apresentações que aconteceram na Câmara de Vereadores e na escola Professora Clarice Nunes da Gama.
 
Escola Professora Clarice Nunes da Gama
A ação faz parte do projeto A Arte de ver Cidades – ArticulAção pelo enfrentamento à violência contra a população infanto-juvenil, realizado pelo CRIA. O objetivo do projeto é fortalecer a rede de proteção local a criança e ao adolescente, assim como disseminar informações para o enfrentamento a violência sexual contra crianças e adolescentes e ao tráfico de pessoas para fins de exploração sexual.   
 
Também foram oferecidas duas oficinas que abordaram temas como Tráfico de seres humanos e Exploração sexual infanto-juvenil: uma para conselheiros tutelares, diretores e coordenadores pedagógicos da rede fundamental e professores, e outra para agentes comunitários de saúde. As atividades foram ministradas por André Araújo, pedagogo, arte-educador e coordenador de equipe multidisciplinar do CRIA. As oficinas tiveram a participação de 43 pessoas, dentre coordenadores pedagógico, diretores, professores, conselheiros tutelares, jovens educandos do CRAS, assistentes sociais, psicólogos e advogados.
Oficina sobre enfrentamento à violência sexual

Em 2013, o projeto passou pelas cidades de Jequié e Vitória da Conquista, e depois de São Gabriel, será a vez de Boa Vista do Tupim receber o projeto, nos dias 18 e 19 de novembro. A iniciativa tem o patrocínio da União Europeia, Pão para o Mundo e Johnson & Johnson. Conta com a parceria da COSPE - Cooperação para o Desenvolvimento dos Países Emergentes e CEDECA - Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan, além dos parceiros locais: Prefeitura Municipal de são Gabriel - Secretaria Municipal de Educação de são Gabriel e Rede Ser-tão Brasil

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Circuito Comunitário 2014 leva espetáculos para bairros de Salvador

Chama Gente apresenta Pra lá de tempo em escola na comunidade Marechal Rodon
O CRIA segue a todo vapor com o Circuito Comunitário, ação que leva apresentações dos espetáculos Quem me ensinou a nadar? e Pra lá de tempo para espaços dentro das comunidades de Salvador, como escolas, associações, teatros e sedes de projetos sociais. A edição 2014, iniciada em abril com duas apresentações no Largo Pedro Archanjo, no Pelourinho, foi retomada no mês de outubro e já passou pelos bairros São Tomé de Paripe, Ribeira, Marechal Rondon e Canabrava. 

Na última quarta-feira, 29.10, foi a vez dos alunos da Escola Estadual Artur de Sales, em Marechal Rodon, receberem a apresentação do espetáculo Pra lá de tempo, do grupo Chame Gente. A iniciativa de levar a peça foi da estudante da escola Luciana Reis, jovem dinamizadora do CRIA. Para ela, a montagem fala de assuntos que tem a ver com a realidade dos alunos. "A minha escola tem grêmio, na comunidade está tendo extermínio da juventude negra e muitas outras coisas que estão de acordo com a peça", afirma Luciana.

Prá lá de tempo fala das realidades do dia a dia vividas nas comunidades e que provocam manifestações de rua que ligam a juventude de ontem e de hoje numa luta contínua pelos seus direitos. Mas, assim como o espetáculo, o dia a dia da escola também tem aspectos positivos, como sarau e música, de acordo com a jovem. "O circuito comunitário é muito legal porque os professores gostam de teatro e podem assistir a peça aqui".

O professor de arte-educação Dionei Santos Reis elogiou bastante o conteúdo e o desempenho do grupo. "O texto é maravilhoso, muito bem escrito. Fiquei impressionado com a interpretação e a emoção que foi passada. Nada melhor do que jovens pra falar de temas do universo dos próprios jovens", afirma o professor.

A aluna da escola, Aiana, 16, disse que se identificou com um dos temas tratados na peça, o do preconceito racial. "Aqui na escola eu estava fazendo um trabalho sobre racismo e sobre a diferença na forma que as pessoas tratam brancos e negros, por isso me identifiquei", disse a aluna. O Circuito Comunitário prossegue até o início de dezembro.


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Emoção toma conta de Roda de Conversa com Arte-educadores

  

A tarde do dia 20 de setembro ficará para sempre na memória dos jovens e adolescentes do CRIA que estiveram presentes à Roda de Conversa: Arte-Educação e Projeto de Vida. O encontro foi realizado na Casa XIV do Teatro XVIII, no Pelourinho, no último dia (20.09) do III Festival de Arte-Educação A Cidade CRIA Cenários de Cidadania, e contou com mediação do professor da Faculdade de Educação da Ufba, Roberto Rabêllo. 

Os ex-integrantes dos grupos artísticos do CRIA e hoje arte-educadores Sergio Bahialista, Nilton Lopes, Antonia Elita Santos, Ronald Alagan e Jedjane Mirtes contaram um pouco das suas histórias com a instituição e como essa experiência foi determinante para suas vidas!

Em um bate-papo descontraído, os convidados descreveram um pouco dessa relação de amor com o CRIA e a contribuição da arte no desenvolvimento de suas vidas, através de seus projetos!

Para o arte-educador do CRIA, Romilson Freire, diretor do espetáculo Prá de tempo, do grupo Chame Gente, é importante ver os jovens ouvindo as pessoas e como essa arte impactou na vida delas. “Ver esses meninos novinhos ouvindo aquele debate e prestando atenção, isso tem um significado para a vivência deles. O jovem daquele momento não é o jovem do hoje. Essa é uma questão que aos poucos tem chegado para gente no CRIA. É uma questão para pensarmos em nos adaptar a esse novo formato, porque a cidade vai mudando, então é importante ver esses meninos parando pra ouvir e eu também estar ali junto com eles na condição de arte-educador”. Ele completa filosofando. “O que aconteceu naquela tarde, ou você vive, ou não tem outra maneira de participar daquilo”.

Conheça um pouco da história de quem é cria do CRIA e hoje está irradiando essa experiência!

Antonia Elita


"Sou Antonia Elita Santos moradora do bairro de Sussuarana. Há 33 anos, comecei minha luta na comunidade quando vim morar aqui, onde não tinha água, energia e transporte. Comecei a participar da associação de moradores logo depois fundamos a Associação de Mulheres de Sussuarana para reivindicarmos melhorias para o bairro. Alguns anos depois, fundamos o centro de pastoral afro Heitor Frisoti, no qual trabalhei como secretária.

Nesse período, foi quando conheci o CRIA através de uma amiga, Maria Joscelia. As filhas dela já participavam mais e ela achava que o CRIA tinha a minha cara e acertou. Foi quando minha filha Danubia se inscreveu e passou na seleção e começou a participar da Tribo do Teatro. Algum tempo depois, teve seleção para um grupo novo do CRIA, Abe be omi. Fiz a seleção, passei e aí começou uma transformação na minha vida pessoal e social.

Foi um aprendizado muito grande, vivi momentos maravilhosos onde nunca pensei que pudesse atuar como atriz dinamizadora com toda essa formação. Mais uma vez com o incentivo do CRIA me inscrevi para ser conselheira tutelar onde fiquei por um período de oito anos que sempre foi e é uma das bandeiras do CRIA atuar em defesa das crianças e adolescentes.

Hoje, trabalho na Fundac como socioeducadora com adolescentes em conflito com a lei. No momento, estou fazendo faculdade de serviço social. Assim, o CRIA para mim é uma referência de vida. Uma vez CRIA, sempre CRIA. É uma instituição que muda o seu jeito de ser, de agir. Eu sempre falo: uma das minhas escolas de vida é o cria. Se for falar o que já fizemos aqui em nosso bairro e fora também junto com o CRIA... me ensinou muito a ser essa mulher forte e batalhadora. Por aí, passou minha filha, muitos jovens e adolescentes daqui da comunidade, minha neta, que hoje são sujeitos de transformação desta sociedade."

Jedjane Mirtes





Atual rainha do bloco afro Malê de Balê e segundo lugar do concurso Deusa do Ébano 2014 do Ilê Aiyê representando o Pelourinho, a arte-educadora, dançarina, coreógrafa e dançarina Jedjane Mirtes entrou no CRIA aos 17. Fez parte, como jovem atriz, dos grupos Tribo do Teatro, CRIA Poesia - este também como diretora -, além de espetáculos coletivos. Foi monitora de dança, depois coreógrafa dos grupos. Pelo CRIA, conheceu outros lugares fora do país, a exemplo da Alemanha e Portugal. Formou-se em técnica em dança pela Escola de Dança da Funceb, em 2001, e em Educação Física, em 2008. Mais tarde, cursou pós-graduação em Arte-Educação nas Faculdades Olga Mettig.



Até o início de 2014, atuava como educadora do projeto Corra pra o Abraço, parceria do CRIA com a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado da Bahia, através do programa Pacto pela Vida. E além do seu reinado no Malê, Jedjane, hoje com 33 anos, atua como arte-educadora nas comunidades de Pernambués e Saramandaia, através do Instituto JCPM de Compromisso Social. E não para por aí. Ela também assina coreografias para a ONG Bumbá - Escola de Formação Artística e a Cia de Dança Jorge Lima e Chagas.

Niltom Lopes
  
Coordenador do núcleo de incidência da CIPÓ - Comunicação Interativa e sócio-fundador do coletivo de assessoria Crioula - Comunicação, Cultura e Mobilização Social.   

Jornalista, formado pela Facom, pós- graduado em artes visuais no Senac e Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais pela UFMG. 
Atualmente, é mestrando no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade. 

No CRIA, fez parte do grupo Com Arte Sem AIDS, de 1999 a 2001. Depois, integrou o grupo Mais de Mil, em 2002 e 2003, e atuou como monitor, assistente e orientador do núcleo de comunicação, de 2003 a 2007.

Ronald Alagan



Entrou no CRIA aos catorze anos e durante cinco, participou dos grupos Mais de Mil, com as montagens Escola falta mais o que? e Quanto custa?, além do grupo Pais e Filhos, com o espetáculo Diálogos. Nesse tempo, desenvolveu na sua comunidade, em Paripe, o primeiro espetáculo, Quem somos nós? que falava da violência e das rixas que existiam na própria comunidade.

Com o grupo Obás de Yoyó, construiu o espetáculo Respeitem os mais velhos, que abordava o direito de brincar, a divindade e o sagrado, não como orixá, mas como pessoa. Realizou algumas feiras comunitárias, como Arte para a comunidade, que reunia dança, música, capoeira, hip hop, tudo feito dentro da própria comunidade. E para dar conta de tanta coisa, surgiu a necessidade de criar um evento, então, criou o Primeiro Encontro Adupé Saudações Nossos Mestres, que teve uma ‘pegada de agradecimento’. “Eu não comecei a arte na minha comunidade. Eu fui impulsionado. O que minha avó fez ensinou ao meu pai, que ensinou a minha irmã, que ensinou a mim. As pessoas da minha comunidade são referência que a gente nomeia de Mestres”.

Para ele, quem entra no CRIA nunca sai, porque a ong utiliza a arte como transformação do cidadão. “A metodologia trabalha o ser humano e trabalha a educação que temos, a que queremos e que precisamos. Eu aprendi a ser educador popular, a ter um dever de reproduzir isso para nossas comunidades. Eu queria ser ator, mas eu sou ator educando-me e educando outro”. E cita experiências que o ajudaram em sua formação: conheceu o barro nos encontros do Ser-tão Brasil e aprendeu a reverenciar a delicadeza disso, foi a Londres onde participou de worskshop no Southbank Center, passou por Madri e Portugal. “Sem o CRIA, eu sozinho seria só um corpo”, afirma. E depois de tudo isso, ainda diz que precisa ingressar na universidade para cursar o bacharelado em direção.

Ronald diz estar se reconstruindo, depois da perda recente da mãe. “Porque a gente precisa de pernas pra andar. Mas, estou tranquilo, por ser cria do CRIA e de ter parido outras crias também”.
  

Sergio Bahialista

"Hoje, sou um homem especial nessa vida graças a esses 11 anos muito bem vividos no CRIA. Feliz por ver esse belo lugar completar 20 anos de existência, de semeação de muitos sonhos e sementes de uma nova humanidade."

Sérgio é Mestre em Educação e Contemporaneidade pelo Programa de Pós Graduação em Educação e Contemporaneidade - PPGEduc - da UNEB. Possui especialização em Psicopedagogia Escolar e Clínica  e graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia. Atualmente é Professor e Coordenador Pedagógico da Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC - Salvador/BA; pesquisador do PRODESE - Programa Descolonização e Educação CNPQ/UNEB; músico e cordelista. É um dos autores do livro "Descolonização e Educação: diálogos e proposições metodológicas";, organizado pela Prof. Drª Narcimária Correia do Patrocínio Luz.


"Em 1996, o CRIA foi no Colégio Estadual Governador Roberto Santos com o espetáculo Escola falta mais o quê? . Belíssimo! Após o espetáculo, Carla Lopes divulgou a seleção para jovem ator multiplicador para a Tribo do Teatro, que encenava o espetáculo Quem Descobriu o Amor?. Fiz o processo de identificação e fui aprovado.

A partir daí, um divisor de águas na minha vida nunca mais parou de passar. Fiz parte dos grupos de teatro, poesia e equipe profissional do CRIA de 1996 a 2007. Isso mesmo! Foram 11 anos da minha vida CRIAndo e plantando muita arte-educação pela vida, aprendendo a ser mais gente e gerando uma nova Tribo Humana. Fiz parte da Tribo do Teatro, Com Arte Sem Aids, CRIA Poesia, Espetáculo Liberdade da Bahia, além integrar o Núcleo de Produção Cultural e o Núcleo das Artes do CRIA durante esses anos, desde monitor até Orientador Artistico-Pedagógico. Fiz parte do MIAC e da Rede Ser-tão Brasil também. Lindos coletivos e incríveis forças de mobilização social através da arte. E com beleza toda em torno de mim, eu ande. É findo em beleza!"
  

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Poesia reina na terceira noite do festival




Pela primeira vez, o festival promoveu uma aula-espetáculo. A tarefa coube a Elisa Lucinda, atriz, poeta, cantora, escritora, jornalista, professora e compositora capixaba, que veio especialmente a Salvador a convite do CRIA para deleite do público. 
Elisa em aula-show no Sesc Pelourinho 
Isso, na mesma noite em que os jovens e adolescentes do grupo Iyá de Erê subiram ao palco com a montagem “Quem me ensinou a nadar”.

Iyá de Erê em cena com espetáculo Quem me ensinou a nadar
Arany Santana, Coordenadora do CCPI, participa de bate-papo com elenco do Iyá de Erê 
Pesquisadora e historiadora Ana Maria Gonçalves com elenco do Iyá de Erê em bate-papo
Logo depois do bate-papo, que sucedeu a apresentação do espetáculo, os mestres de cerimônia, Fernanda Silva e Evaldo Maurício, arte-educadores do CRIA, declamaram Safena, poema de Elisa, para anunciar o início do tão esperado encontro.

Fernanda Silva e Evaldo Maurício, arte-educadores e mestres de cerimônia 


"Dá licença, dá licença, meu Senhô / Dá licença, dá licença, pra yôyô / Eu sou amante da gostosa Bahia, porém / Pra saber seu segredo / Serei Baiano também”. Foi assim, cantando os versos da canção de João Gilberto que Elisa adentrou o palco do Teatro Sesc Senac Pelourinho.

Elisa Lucinda em aula-show no Sesc Pelourinho 

E entre uma declamação e outra, de poemas autorais e de outros escritores, a aula-show teve seus momentos de ‘prosa’ com o público, com Elisa bem à vontade para declarar seu apreço pelos baianos e também pelo teatro do CRIA, que acabara de conhecer.

“A Bahia é a resistência da cultura brasileira. O trabalho do CRIA é o único trabalho revolucionário do país. Eu não acredito em outra forma de revolucionar o país. Através da arte você pode transformar tudo e o CRIA faz isso”, disse uma Elisa visivelmente surpresa com o que viu.

“Fiquei chocada por tudo, pela qualidade da interpretação, elenco bom, teatro visceral. Todo mundo tem poder, mas quem tem consciência da ancestralidade, tem mais poder. Eu nem falo disso, falo de você ter acesso a sua ancestralidade, compreendendo o lugar de onde você veio e para onde você vai”, completou Elisa.

Iyá de Erê em cena com espetáculo Quem me ensinou a nadar
“Onde tem orfandade, seja do pai ou da mãe, onde não foi dada estrutura para fazer identidade da sua narrativa, a língua mãe faz esse papel.”

“O grande lance da poesia é que ela serve para os outros”, disse Elisa, ao se lembrar de quando a mãe morreu em um acidente de carro. E recitou ‘O breu’, de sua própria autoria. “Esse poema me reconstruiu”.

Para uma plateia diversa, que reuniu artistas, estudantes, professores, enfim, admiradores de vários cantos de Salvador, a artista falou da importância da arte-educação no processo de aprendizado e da importância da elevação da auto-estima para o trabalho do professor nas escolas.

Para ela, falta esse momento na sala de aula, nas escolas particulares, na educação brasileira em geral, e lembrou-se do ataque contra a escola de Realengo, no Rio de Janeiro, quando chamaram vários artistas, inclusive ela, no dia da retomada das atividades após a tragédia. “Os professores são para mim a mola mestra desse país. O professor cuida de todo mundo, mas ninguém cuida do professor”.
Elisa em aula-show no Sesc Pelourinho 

Um dos momentos marcantes foi quando declamou “Uma lembrancinha do tempo”, poema que criou em resposta à pergunta feita repetidas vezes quando, nas entrevistas, lhe pedem para explicar como a poesia surgiu na vida dela. “A poesia formou meu pensamento. Minha mãe me levou aos 11 anos para estudar declamação. A poesia deveria estar na sala de aula, que é interdisciplinar, que pode falar da matemática, da estatística, de tudo. Falava poesia dos outros até os 17. Eu era uma menina que achava que era a menina do poema. Depois, mais tarde, eu percebi que era o pássaro”, e declamou ‘Pássaro Cativo,’ de Olavo Billac.

A mulher, negra, artista, de grandes olhos verdes, voz forte e rouca, admite que o Brasil é um país muito racista e se diz muito preocupada. “Tem gente que chama o cabelo crespo de cabelo ruim. Como isso pode se tornar oficial, o cabelo errado? Parece que essa é a lógica”. E de forma irreverente, começou a tirar objetos de dentro da farta cabeleira ao estilo Black Power: tirou batom, caneta e até uma nota de cinquenta reais de dentro do cabelo!

A aula-espetáculo ultrapassou o palco e um expectador, o agente de saúde Edi Wilson, levantou da plateia e disse um poema sobre cabelo dedicando-o à artista. Apaixonado pela arte, Edi falou da sua admiração pela poeta. “Ela é uma referência para as mulheres negras e a comunidade. É muito gratificante estar aqui hoje”, disse ele. E elogiou o trabalho do CRIA para o desenvolvimento das artes.
Elisa em aula-show no Sesc Pelourinho 
Para a expectadora Gina Carmem Isaías de Souza, a aula foi uma experiência de vida. “Elisa fala coisas tão acertadas e tão pontuais, como o poder da educação e da palavra que transforma e é isso que a gente tem que aprender”, afirmou.

Elisa usou um trecho de mais um de seus poemas para se despedir do público. 

“A vida não tem ensaio, mas tem novas chances. Viva a burilação eterna, a possibilidade”. E encerrou sua participação com a canção ‘Ilê de Luz’, letra de Caetano Veloso composta em homenagem ao bloco afro, Ilê Aiyê.