Corra pro Abraço tem novos parceiros na garantia dos direitos humanos
Projeto certificou 47 pessoas usuárias de substâncias psicoativas e que
vivem em situação de rua, como multiplicadores do programa de Redução de Danos
e Referência de Campo “Maloqueiro não. Pegue visão, sou Ser Humano”. A frase escrita pelas
pessoas que vivem em situação de rua, usuárias de substâncias psicoativas, foi
exibida na solenidade da certificação do Curso de Redução de Danos
e Referência de Campo. O texto simboliza o que Laércio Pereira, 25 anos,
um dos concluintes do curso disse, na sexta-feira (11), na Reitoria da UFBA:
“Quero ser reconhecido pela sociedade. Pois, minha principal ambição hoje é
fazer meus filhos felizes”. O curso executado pelo Projeto Corra pro Abraço,
uma parceria entre a Secretaria da Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento
Social (SJDHDS) e o Centro de Referência Integral de Adolescentes (CRIA),
foi idealizado na perspectiva de empoderamento de pessoas que estão em situação
de vulnerabilidade social, contribuindo para a formação politico-cidadã desse
público, que, em virtude dos estigmas e preconceitos, enfrentam barreiras para
acessar serviços de saúde e de justiça. Para a Superintendente de Políticas sobre Drogas da SJDHDS,
Denise Tourinho, a conquista de Laércio só destaca que devemos ver por
outra ótica as políticas públicas sobre as drogas. “Temos que discutir novas
perspectivas que coloque no centro do debate os direitos humanos, a valorização
da pessoa. Porque o empoderamento dessas pessoas não deixa der ser um fator de
redução de danos”, explica. A capacitação, que teve início no mês de julho se estendendo até agosto,
na sede do Movimento de População de Rua, no Pelourinho, com carga horária de
60 horas, teve a finalidade de formar, junto aos usuários, multiplicadores
conhecedores de práticas relacionadas à redução de riscos e danos biológicos e
sociais do uso de drogas. Durante os encontros, Maria Eleonora Rabêllo, Coordenadora Geral do
projeto, explicou que os alunos participaram de ações em campo, oficinas de
arte e educação e tiveram acesso a diversas informações, a exemplo de conteúdos
sobre práticas sexuais de risco e os riscos e danos sociais relacionados ao
consumo de drogas. Além dos equipamentos da Rede SUS e do Sistema Único de
Assistência Social (Suas,) voltados ao atendimento e cuidado aos usuários de
drogas no Estado.
ACOLHA, NÃO PUNA
Fazendo parte da Conferência Livre de Políticas sobre Drogas, etapa da
3ª Conferência Nacional de Juventude, aconteceu também na Reitoria da UFBA, a
aula pública “Acolha, não puna! – por uma nova política sobre drogas digna e
humanizada. Na ocasião, os participantes do evento assistiram as palestras da
coordenadora do grupo de pesquisas em políticas de Drogas e Direitos Humanos da
Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de janeiro,
Luciana Boiteux, e do Diretor de Articulação e Coordenação da Secretaria
Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Ministério da Justiça, Leon
Garcia. O palestrante esclareceu que a sociedade precisa ampliar o debate sobre
a política de drogas. “O problema das drogas é particularmente um problema da
juventude, principalmente por aquilo que tem sido feito em nome das drogas.
Justificando o preconceito do jovem negro, a restrição de direitos e da
violência do Estado brasileiro”, explica Leon. Compartilhando do mesmo argumento, Luciana Boiteux, achou importante
existir espaços para que a sociedade possa discutir sobre drogas, coisa que não
era possível em outros anos. “Não podemos aceitar mais a lógica conservadora
sem debater corretamente. Pois, na verdade, temos uma imposição que é causadora
dos piores resultados possíveis, uma lógica punitiva e repressora”, explicou.
*Notícia
divulgada no site da secretaria de Justiça dia 12 de Setembro
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