sábado, 14 de maio de 2011

O CRIA chamou e o Pelô atendeu

O recital do grupo CRIAPoesia, a performance da Escola de Dança da FUNCEB e a música do Olodum Mirim deram o tom da abertura do projeto Diga Aí Povo do Pelô!, realizada no dia 19 de abril, no Largo Pedro Arcanjo, no Pelourinho.


Comunidade do Pelô conhece de perto a proposta do proje
A festa reuniu as instituições que atenderam ao convite do CRIA de juntar ações para valorização da importância social e cultural da região do Centro Histórico de Salvador.

Um público de mais de 100 pessoas, entre educadores e jovens estudantes, foi lá para saber mais sobre o projeto e dizer o que desejam para melhorar o convívio de quem vive do/no Pelô.



“Se a gente está na mesma rua, e pouco conhece quem está do outro lado, e pouco conversa com nossos parceiros, como é que a gente vai ser um ser humano inteiro?”.

Com este questionamento, a supervisora artística do CRIA, Maria Eugênia Millet, explicou qual é o sentido do projeto para que as parcerias possibilitem aos participantes achar soluções mais colaborativas. “A gente já passou por uma fase do mundo onde cada um ficava no seu cantinho. Agora não tem mais isso. Nós temos que estar aqui pensando no outro, no que está acontecendo do outro lado do planeta, porque somos uma comunidade humana”.


Novas parcerias


Denivaldo Ribeiro Veloso é vendedor do jornal Aurora da Rua, que desde 2007 vem mostrando à sociedade o outro lado do morador de rua, ajudando a levantar a auto-estima dessa população, além de proporcionar uma renda aos vendedores da publicação. “O jornal veio para mostrar a vitória, os dons, os talentos que as pessoas tem e podem mostrar”. As matérias são construídas com a participação de pessoas em situação de rua, através de oficinas de texto, que têm o acompanhamento de voluntários e de jornalistas. Para ele, a iniciativa do CRIA é muito boa. “Tudo o que vem em nome da sociedade, em dar ocupação e mais atenção ao jovem é válido”.

O jornal é parceiro do Movimento Morador de Rua, que também topou a proposta de participar do Diga Aí Povo do Pelô!. “A gente sempre procura fazer as pessoas entenderem que a gente tem possibilidade de mudar a sua auto-estima e o convívio com a sociedade, porque a sociedade hoje discrimina o morador de rua, dizer que na rua só tem pedras e espinhos. Mas na verdade não, na rua também tem flores”, diz Matias Florentino Santos, integrante do movimento. Segundo uma pesquisa da entidade feita com moradores de rua de toda a Bahia, mais de 3.800 pessoas adultas estão nessa situação no Estado. “Mas se a gente for colocar crianças e adolescentes poderá chegar a mais de 5.000”, completa.


Para a Coordenadora de Campo da Aliança de Redução de Danos Fátima Cavalcanti, Cleotilde Celín Mejía, a proposta do CRIA vai permitir abarcar toda a demanda de todos os projetos sociais que atuam no Centro Histórico, como o da Aliança, que desenvolve um trabalho de atenção voltado ao uso de drogas com base no trabalho comunitário. “Cada um tem um objetivo de trabalho com a população e se a gente se organiza e unificarmos os objetivos, o trabalho vai ser muito mais produtivo, porque estaria atendendo às demandas reais da população atendida por nós”, declara.


É com a soma de ações como estas, ligadas à cultura, à educação e aos centros de saúde, que o CRIA pretende estar mais próximo aos representantes das instituições, como afirma Irene Piñeiro, Coordenadora Pedagógica do projeto. “O primeiro passo está sendo dado: articular essas ações para que a gente possa ter também a oportunidade de articular atividades sócio-educativas que venham contribuir para a inclusão social dos moradores do Centro Histórico”.


Laços renovados


Além de atrair novas parcerias, o Diga Aí Povo do Pelô! veio também para reforçar o trabalho que o CRIA já desenvolve junto ao seu público de jovens atores, com a colaboração do IPAC, através das atividades do Espaço de Linguagem e Expressão (ELE), bem como das Rodas de Conversa abertas para a comunidade. Além disso, o CRIA disponibiliza seu acervo da Biblioteca Zeca de Magalhães, que funciona dentro do Solar Ferrão.


Tanto a biblioteca Zeca de Magalhães, quanto a Manuel Querino do IPAC são abertas ao público. “Eu acho que esse projeto é uma oportunidade para a gente divulgar o espaço e os serviços que as unidades oferecem. Como acontece aqui no Pelourinho, às vezes a gente não tem conhecimento sobre qual a função e que serviços cada entidade tem”, afirma Sheilla Ventura, diretora da Biblioteca Manuel Querino.


Roda de Conversa

Sudara Cardoso, 14 anos, estudante da Escola Azevedo Fernandes, que fica dentro do Pelourinho, soube da biblioteca Zeca de Magalhães durante o lançamento do Diga Aí. “Fiquei curiosa para conhecer e saber mais sobre o que se falou sobre o problema da exploração sexual”. Ela se refere à programação da Roda de Conversa realizada no dia 06 de maio, no Conexão IPAC, com o tema “A exploração sexual contra crianças e adolescentes.”


O bate-papo contou com a presença de adolescentes dos grupos de teatro do CRIA, educadores, membros de organizações parceiras do projeto e moradores do Centro Histórico. O tema da roda foi escolhido especialmente em virtude da mobilização para o 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes.


O encontro contou com a colaboração de assistentes sociais do CREAS - Centro de Referência Especializado em Assistência Social, que ajudaram a esclarecer alguns mitos sobre a questão. Um deles é o que diz que o que leva uma pessoa a se tornar um abusador é o fato de ele ter sido vítima de violência sexual quando era criança. “Muitos deles dizem isso apenas para minimizar sua culpa diante do fato. Outro mito é o prazer consentido da vítima, portanto, uma outra forma de violência”, explica a assistente Núbia Bonfim, do CREAS Bonocô. Até o fim do ano, mais duas rodas serão realizadas com a participação de especialistas de outras áreas.


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