segunda-feira, 24 de maio de 2010

Jovens do CRIA participam de formação sobre violência sexual e tráfico de pessoas


"Há quatro anos eu estava indo pro meu curso de violão quando um senhor, todo arrumado veio falar comigo. Ele começou a puxar conversa, me ofereceu refrigerante, cerveja, eu recusei tudo e fui embora. Na época eu não sabia, mas hoje vejo que tinha sofrido uma tentativa de violência sexual".

Este relato de uma jovem estudante teve um final feliz. Por sorte, ela não entrou nas estatísticas alarmantes das diversas formas de violência sexual contra jovens e adolescentes no país.

Segundo dados do Disque 100, da Secretaria de Direitos Human
os (SEDH) da Presidência da República, em 2009 houve 9.638 registros de abuso sexual, 5.415 de exploração sexual, 229 de pornografia e 63 de tráfico de crianças. E só nos quatro primeiros meses de 2010, já foram contabilizadas cerca de quatro mil ocorrências de violência sexual contra meninos e meninas.


Para alertar sobre esta situação, o CRIA continua sua missão de mobilizar a comunidade para o problema. Prova disso são os mais de 17 jovens de diversas comunidades de Salvador e do Recôncavo Baiano que acabaram de concluir a formação em Violência Sexual e Tráfico de Pessoas para fins de Exploração Sexual.


O curso teve início no dia 26 de abril. Durante três segundas-feiras seguidas, estes jovens tiveram a oportunidade de discutir livremente sobre o problema e aprender as formas para evitá-lo e combatê-lo. É o caso da estudante Jéssica de Jesus, de 16 anos. "Achei o curso muito proveitoso! Tive muitas informações que eu não sabia. Acho muito importante debates sobre esses assuntos, são coisas que não temos na escola", afirma. O estudante Guilherme Silva, 15 anos, compartilha da mesma ideia. "Nessa formação eu pude me capacitar sobre esse assunto e tirar dúvidas. Acho que esse tema deveria ser bastante trabalhado, mas infelizmente não é muito divulgado".
Mas não são apenas os adolescentes que sentem esta dificuldade em ter acesso a maiores esclarecimentos sobre o assunto. Antônia Isabel Sousa, de 60 anos, acompanhou a formação para se informar melhor sobre o tema. "Eu participo das formações sobre violência sexual do CRIA há três anos. Acho muito interessante, principalmente porque os jovens das comunidades devem compreender esse tema. Eu mesma sempre levo os assuntos sobre violência sexual para minha comunidade", ressalta.

É o caso também da técnica em enfermagem Edneia Sousa, que coordena oficinas de saúde na sua comunidade na cidade de São Francisco do Conde. "Depois da formação, vamos fazer rodas de conversa na escola e nos grupos sobre como os aliciadores levam os jovens para o tráfico, aonde procurar ajuda e quem procurar".

As ações de enfrentamento a violência sexual estão inseridas nas atividades do Projeto “Artes Comunitárias no Enfrentamento das violências sexuais”, fruto da parceria entre o CRIA e o Instituto Winrock, organismo internacional que apoia financeiramente e dá suporte técnico a organizações que trabalham em diversas áreas.

"A Violência Sexual e o Tráfico de Pessoas são temas trabalhados aqui no CRIA e nas comunidades, através dos jovens dinamizadores que participam das nossas atividades e levam os temas para serem desenvolvidos nas comunidades. Para nós a ampliação da divulgação de informações sobre esse problema é muito importante. Assim a sociedade passa a discutir mais o tema e isso gera visibilidade para o assunto e daí passamos a buscar mais ações. Então vamos enfrentar o problema, ampliar a discussão, para garantir os direitos das crianças e dos adolescentes", destaca Cássia Lima, orientadora de Saúde do CRIA.

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