por Robson Poeta du Rap
Imagino que cada objeto aqui da biblioteca, no mínimo muitos deles, podem ser percebidos como novidade. Basta que o olhar não envelheça.
Eu, apesar de ser o “cuidador” do acervo, confesso que ainda nem conheço tudo que tem aqui; lógico que tudo que tem aqui, na maioria livros, algumas revistas, poucos DVDs... tudo passa por minha mão; mas não li, nem assisti tudo. É a condição de não saber, de não conhecer que me deixa mais ainda instigado. É de objetos não identificados que nascem os mistérios. É da condição de não saber que me surge a vontade de me aproximar; de “mexer no que não é da minha conta”.
O mundo me cobra certezas; certezas sobre quem sou, porque sou; certezas do que gosto, porque não gosto. O certo é que deixo que o encontro com os livros aconteça assim “sem certezas”. Meu gosto, meu paladar, os caminhos por onde se constrói meu olhar... é tudo coisa que acontece por impulso; coisa “de momento”. Já aconteceu de eu sair pra festas já com o pensamento pronto: sair pra arrumar paquera; sair pra encher a cara; e não tenho boas lembranças dessas experiências de objetivação do destino. As melhores paqueras – os beijos mais gostosos, as mais intensas e proveitosas conversas... as paixonites e as paixões de arrasar – me aconteceram sem mandar aviso, sem hora marcada; é assim: a felicidade acontece por fora da pauta.
É certo que sem um mínimo de certeza não se existe; sem a certeza de que “eu sou eu” não seria possível que “eu” estivesse produzindo este texto. Tenho certeza que, assim como se dedica tempo pro namoro, pras obrigações de trabalho, pra prática de esporte, faz bem pra saúde - também – “se esconder da correria do mundo” pra ler alguma coisa que nos enche os olhos e a curiosidade.
Uma vez - num desses momentos que a gente tem que fazer uma coisa e acaba fazendo outra – estava com algumas pilhas de livros pra catalogar, e como gosto de ler uns trechos dos livros que estou catalogando, me encontrei com um livro, de literatura infanto-juvenil, e não consegui parar de ler. Tinha que deixar a leitura pra depois, já que é minha obrigação catalogar os livros; mas não consegui. Caí numa contação de história muito gostosa de ser lida, que mistura ficção com riquíssimas informações da História Oficial; o livro se chama “Um menino chamado Moisés”, do Moacyr Scliar. É sobre a história dos judeus, da história de Moisés; e o mais importante: o escritor cria o Moisés dele; conta a história da infância de Moisés. Acabei que me diverti, dei risadas e em outros momentos fiquei cheio de ansiedade pra saber o que ia acontecer. Foi como se eu estivesse “estudando e brincando”, ali, só eu e o fantasma de quem escreveu o livro.
Indico pra crianças, adolescentes e também pra quem já tá pra lá da adolescência.
Livro: Um menino chamado Moisés
Autor do texto: Moacyr Scliar
Autor das ilustrações: Antonio Andrade
Editora: Ática
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